E já não só da palavra
“mudança”. Quando nos abrimos à mudança – seja ela qual for – ficamos
espantados com o que muda. Claro que se há mudança, algo muda, ça va de soi,
mas na mudança, muda o que esperávamos que mudasse? Muda o que queremos que
mude? Muda como gostaríamos? E nem pergunto a pergunta primeira: queríamos
‘mudança’? E sobretudo: mudamos nós? Muda a nossa vida? Muda a forma de olhar o
mundo?
Fazendo fé nas palavras de
Luís de Camões “Todo o mundo é composto de mudança / Tomando sempre novas
qualidades”, deveríamos estar preparados para toda e qualquer “mudança”, a
coisa mais normal, tranquila e natural da vida. (E chama-se mudança a isso?) Afinal
não é. Chamamos muitas vezes ‘mudança’ (“ai eu gosto muito de ‘mudar”, dizemos
nós por aí) à curiosidade – ter que ver isto, ter que experimentar aquilo.
Chamamos mudança ao querer matar um tédio, fazendo uma coisa diferente, ou à
fuga: esses impulsos de ir, de fazer, de ‘mudar’ algo, que mais não são do que
reflexo da incapacidade de nos olharmos.
A Mudança vai para além disso:
implica muito território desconhecido, muito mato para desbravar. Implica não
conhecer os limites, implica confiar, implica não ter cintos de segurança.
Implica solidão, caminhar sozinho e ser firme. Implica o coração: ora dor, ora
alegria, às vezes ambas.
Afinal tanta coisa para sentir
que cada vez sou mais eu.
Mudança?
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