29/11/2016

A Propósito de Mudança

E já não só da palavra “mudança”. Quando nos abrimos à mudança – seja ela qual for – ficamos espantados com o que muda. Claro que se há mudança, algo muda, ça va de soi, mas na mudança, muda o que esperávamos que mudasse? Muda o que queremos que mude? Muda como gostaríamos? E nem pergunto a pergunta primeira: queríamos ‘mudança’? E sobretudo: mudamos nós? Muda a nossa vida? Muda a forma de olhar o mundo?


Fazendo fé nas palavras de Luís de Camões “Todo o mundo é composto de mudança / Tomando sempre novas qualidades”, deveríamos estar preparados para toda e qualquer “mudança”, a coisa mais normal, tranquila e natural da vida. (E chama-se mudança a isso?) Afinal não é. Chamamos muitas vezes ‘mudança’ (“ai eu gosto muito de ‘mudar”, dizemos nós por aí) à curiosidade – ter que ver isto, ter que experimentar aquilo. Chamamos mudança ao querer matar um tédio, fazendo uma coisa diferente, ou à fuga: esses impulsos de ir, de fazer, de ‘mudar’ algo, que mais não são do que reflexo da incapacidade de nos olharmos.

A Mudança vai para além disso: implica muito território desconhecido, muito mato para desbravar. Implica não conhecer os limites, implica confiar, implica não ter cintos de segurança. Implica solidão, caminhar sozinho e ser firme. Implica o coração: ora dor, ora alegria, às vezes ambas.

Afinal tanta coisa para sentir que cada vez sou mais eu.


Mudança?

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