Não vivo mal com o silêncio, não tenho desejos de ter ‘música ambiente’, e nada
me irrita mais do que uma televisão ligada a fazer barulho de fundo, sobretudo
de manhã. Quando quero ouvir música opto sempre pelo mais fácil que é ligar o
Mezzo (excepção da televisão), ou ir ao YouTube e escolher o que me apetece
ouvir, quase sempre no registo da música clássica, note-se.
O hábito de escolher
um CD e pô-lo a tocar foi-se perdendo, (aliás os CDs caem em desuso) e embora
tenha passado quase todos os meus CDs para o iTunes e de por vezes o usar, não
me entendo com aquela que me parece ser uma das aplicações mais user unfriendly
que se inventaram sobretudo para quem gosta de música clássica. Spotify,
AppleMusic e afins ainda não me entusiasmaram.
No carro ligo o rádio – preferencialmente a Antena2 - mas muitas vezes
em percursos mais curtos, oiço uma ou outra outra estação mais comercial. Ora
uma das faces mais visíveis da Mudança (que se tem vindo a registar neste
blogue), é a total incapacidade que hoje tenho para ouvir música comercial e
sucessos comerciais uns atrás dos outros. Sinto que já conheço tudo isso, que
já ouvi tudo o que havia para ouvir, e cansa-me ao ponto de não conseguir
ouvir.
Por isso a Antena2 está mais ligada do que nunca, mas nem sempre me
satisfaz, pelo contrário, e hoje que faço mais e mais longos percursos de carro
a horas tão díspares e dias de semana tão diversos, percebo o disparate que a
Antena2 consegue por vezes ser. Se já antes me queixava de ter conversa a mais
e música a menos, agora tem ainda mais conversa, rubricas curtas que são
atentados à inteligência bem como excesso de auto-promoção e de promoção de
qualquer evento cultural de quase todos os concelhos do país, numa ladainha
interminável e que se repete à exaustão a cada hora, ou a cada 2 ou 3 horas.
Não nego que oiço boa música na Antena2, mas oiço tantas outras coisas
que fico sem perceber o que é exactamente a Antena2, e pergunto-me para que
servem e a quem servem tantos dos seus programas e rubricas, nomeadamente uma
rubrica ridícula cujo nome e descrição dá origem ao título deste post. Vou
indagar e procurar no site.
Leio aqui no seu perfil (http://www.rtp.pt/antena2/geral/perfil-de-canal-antena-2_3142)
que é uma “rádio essencialmente musical divulgando sobretudo música erudita”, o
que já é um alívio, mas depois consegue meter tudo o que é música não ‘ligeira’
(pop, rock, r’b, etc) no mesmo saco: “e também jazz, música étnica,
new age, blues e música experimental”. Presumo que a música erudita seja aquilo
a que vulgarmente se chama ‘música clássica’ e não percebo porque essa música
se mistura com música étnica - um tipo de música não erudito, mesmo que lhe
arranjem uma denominação mais cosmopolita tipo ‘músicas do mundo’, só para dar
um exemplo sem sair do âmbito “essencialmente musical “ de que fala o perfil da
rádio.
Percebo na leitura do perfil que não se explica
quem é o público alvo desta estação, algo que me ajudaria a perceber se oiço a rádio que me convém. Fica apenas o consolo de sabermos ser uma
rádio com “a missão quotidiana de nos tocar, de nos arrancar do nosso lugar
para viajarmos pelos mais fascinantes e promissores recantos da música, das
artes e do conhecimento em geral, tanto em Portugal como no mundo.” Da próxima
vez que viajar de carro tentarei deixar-me arrancar do meu lugar para viajar
pelos “mais fascinantes e promissores recantos da música, das artes e do
conhecimento em geral”. Sobretudo esta coisa do “conhecimento em geral" entusiasma-me! Veremos o que acontece.
Quem escreve perfis de rádio assim merece um pouco
mais de atenção, e ser-lhe-á dispensada por mim, pelo menos. Por isso esse post
terá uma continuação em breve.
1 comment:
Passei os CDs de música não clássica que tenho para o PC. Os de música clássica ainda não comecei porque me pareceu que os critérios de ordenação/classificação estavam completamente orientados para música dita "ligeira".
No não clássico costumo ouvir no carro a rádio Smooth (http://smoothfm.iol.pt/info/frequencias.html).
Post a Comment