30/01/2017

Aristóteles

Há já uns dias que me apetece ler (sobre) Aristóteles. Poderia apetecer-me ‘algo’ tipo Ferrero Rocher, mas não, foi mesmo Aristóteles e, estranhando este ímpeto, decidi não oferecer resistência, pois só perseguindo-o perceberei a origem desta inédita ‘vontade de Aristóteles’ e/ou aristotélica.
Não me lembro de alguma vez me ter apetecido ler Filosofia, só porque sim, nem adulta, e muito menos na minha juventude (ao contrário de tantos afamados políticos). Li e estudei - sem grande sacrifício ou devoção, o que fui obrigada a ler e estudar, num tempo em que nós, alunos, éramos obrigados a ler e estudar autores, e não teorias vagas e politicamente correctas, dessas sem ‘autor’. 

Li mais Sartre do que gostaria, e mais Heidegger do que conseguia realmente apreender. Sobrevivi. Mais tarde, e por causa da Literatura, debrucei-me sobre a Poética de Aristóteles, para além dos nomes sonantes estruturalistas que estavam na moda então. Por isso o meu conhecimento de Filosofia é limitado, mas é suficiente para saber que Sartre nunca escreveu uma Fenomenologia do Ser, que Aristóteles foi discípulo de Platão, que penso, logo existo, e mais umas generalidades assim. 

Poderia tentar saciar este ímpeto com a Wikipédia, ou fazendo no Google uma busca de citações e ver se alguma me dava pistas para a origem deste ímpeto e que não determinei ainda o que é. Mas isso é muito banal para tão bizarro ímpeto que merece tratamento adequado. 

Fui ver que livros andam aqui por casa de Filosofia (surpreendentemente mais do que pensaria) e das prateleiras trago 5 comigo. Dois dicionários de Filosofia (um de Simon Blackburn da Oxford University Press, e outro de vários autores da Hatier, ambos na tradução portuguesa revista por nomes sonantes). Tenho também de W. K. C. Guthrie, e da Cambridge University Press o tomo VI (Aristotle: an Encounter). Instintivamente, ou porque afinal alguma coisa fica do que nos obrigam a estudar, peguei em mais dois; uma Introdução à Ontologia, (Mafalda Faria Blanc) e um Roteiro Temático-Bibliográfico de Filosofia Medieval (Mário Santiago de Carvalho) que teria sido muito útil quando li O Nome de Rosa, estou certa, e porque, parece-me, ainda hei-de chegar a S. Tomás de Aquino. Com estes cinco livros ao lado começo a ter umas luzes do porquê de Aristóteles. 

Em tempos de mudança vamos às raízes, já o afirmei aqui, e leio logo na Introdução da Introdução à Ontologia, ser ela “(...) desde Aristóteles, o projecto perene da filosofia primeira: pensar o que é enquanto é e como é.” E pensando o ser, o que é enquanto é, aposto que chegarei à Mudança. 

Como estes livros são (neste caso) sobretudo para consultar, espreitar, olhar mais à frente, voltar atrás, inspecionar os índices, ver aqui e ali, e não de leitura corrida como quem lê um romance, terei muito tempo de o ir fazendo.

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